segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um leão chamado Christian

Bourke, Anthony; Rendall, John. Um Leão Chamado Christian. Nova Fronteira; Rio de Janeiro/RJ; 2009; 224 páginas.

Dados da obra:

O livro conta a história do leão Christian, adotado por dois rapazes australianos que o adquiriram na loja Harrods, de Londres, e passam a criá-lo como um bichinho de estimação. Quando ele começa a crescer, os amigos fazem de tudo para levá-lo de volta à África. Um ano depois da reintegração de Christian à natureza, os rapazes retornam para vê-lo e são reconhecidos por ele. As cenas do reencontro foram gravadas e circuladas na internet pelo Youtube, transformando-se em fenômeno de acesso pelo mundo.

Breve relato dos autores:

Anthony Bourke é australiano e um dos principais curadores de arte da Austrália, sendo pioneiro em arte aborígine e especialista em arte colonial, e realizou várias exposições aclamadas pela crítica.
John Rendall é australiano e divide seu tempo entre Londres e Sydney. John continua seu compromisso com a George Adamson Wildlife Preservation Trust e é membro da Royal Geographical Society, em Londres.

Passagens:

“...Talvez fôssemos como substitutos; e, sem a indiferença comum à maioria dos felinos, ele queria ficar perto de nós. Os leões não são desdenhosos como os gatos e são mais parecidos com os cachorros no quesito sociabilidade. Os leões simplesmente sabem que são os maiores e assumem sua superioridade.”

“Os leões dão avisos muito claros e diretos de seu descontentamento. Seria burrice desconsiderar sua força, seus dentes, suas garras. Apenas uma vez, durante os meses em que Christian viveu no Sophistocat, ficamos com muito medo dele. Ele encontrou um cinto de pele que caíra de um casaco e o levou correndo para o porão. Fomos atrás dele para recuperar o cinto. Ele o mastigava e chupava com deleite. Sabíamos que aquilo seria algo que ele não largaria com facilidade. Tentamos arrancá-lo, mas ele baixou as orelhas e rugiu um aviso feroz. Estava irreconhecível, um animal selvagem. Sem dúvida teria nos atacado se tivéssemos tentado tirar o cinto dele novamente. Queríamos deixá-lo, mas em vez disso nos distanciamos alguns metros vagarosamente, conversando um com o outro, como se nada tivesse acontecido e tivéssemos nos esquecido do cinto. Sabíamos que não devíamos transmitir-lhe nosso pavor. Isso poderia tê-lo encorajado a repetir o comportamento se tivesse sentido o efeito que causara.”

“Em nosso caminho de volta para Londres, conversamos animadamente sobre a imprevisibilidade da vida. Onde Christian estaria agora se outra pessoa o tivesse comprado na Harrods? O que teria acontecido se Bill e Virgínia não tivessem entrado na Sophistocat? Por acaso eles tomaram conhecimento de nosso problema sobre o futuro de Christian e se envolveram com ele. Ao comprarmos Christian, acrescentamos novas dimensões às nossas vidas, e agora inesperadamente à dele. Sempre fora uma experiência inesquecível para nós, mas que nunca poderia ter sido lembrada sem arrependimento se Christian tivesse que passar o resto de sua vida em cativeiro.”

“Quando o cercado ficou pronto, Christian deixou a King´s Road e Londres para sempre. Muitos amigos da World´s End se reuniram para lhe dizer adeus. Após vivermos vários meses temendo um acidente, foi um alívio acabarmos apenas com memórias agradáveis. Mas também estávamos tristes: nossos cinco meses extremamente felizes e irreproduzíveis com Christian em Londres haviam chegado ao fim.”

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