terça-feira, 12 de abril de 2011

Contos de Fadas

Vários. Contos de Fadas – De Perrault, Grimm, Andersen e outros. Apresentação de Ana Maria Machado. Zahar; Rio de Janeiro / RJ; 2010; 284 páginas.

Dados da obra:

O livro, em formato de edição de bolso, reúne as mais famosas histórias infantis de Grimm, Perrault e Andersen, entre outros, em suas versões originais, sem adaptações. São 20 contos de fadas, bruxas, princesas, encantamentos, finais felizes e outros nem tanto. E inclui pequena biografia dos autores, além de 90 pinturas e desenhos de ilustradores célebres.

Breve relato da apresentadora:

Ana Maria Machado é uma jornalista, professora, pintora e escritora brasileira. Foi ganhadora do Prêmio Jabuti de Literatura em 1978. Atua intensivamente na promoção da leitura e fomento do livro.

Passagens:

“Há certas qualidades que cercam os contos de fadas e, com muita clareza, os distinguem de outros gêneros literários. Algumas se impõem à primeira vista e não têm a ver com traços identificáveis no texto em si. Por exemplo, sua universalidade e sua vizinhança com a infância. Desta última, decorre outra, ainda mais sutil: sua carga afetiva. Falar em conto de fadas é evocar histórias para crianças, lembranças domésticas, ambiente familiar. Equivale também a uma filiação ao maravilhoso, em que tudo é possível acontecer.” – Ana Maria Machado na apresentação

“Aquela fada era muito sábia, mas ainda não aprendera que o amor arrebatado ignora ouro e prata quando quer ser saciado. A pele foi pronta e galantemente concedida, mal a infanta a pediu. Quando recebeu a pele, a menina ficou aterrorizada e queixou-se amargamente de sua sorte. Sua madrinha apareceu e ponderou. ‘Quando fazemos o bem’, disse, ‘nunca devemos temer’. – Pele de Asno (Charles Perrault)

“Dizem que, trabalhando um pouco afobada, deixou cair na massa, sem perceber, um de seus valiosos anéis. Mas os que afirmam saber o fim desta história garantem que foi de propósito que o anel foi deixado na massa. Palavra que, de minha parte, posso acreditar nisso perfeitamente. É que estou convencido de que, quando o príncipe a espiou pelo buraco da fechadura, ela soube muito bem o que estava acontecendo. Nesse ponto a mulher é tão esperta e seu olho tão rápido que não a podemos olhar um só momento sem que ela saiba que está sendo olhada. Tenho toda a certeza, posso até jurar, que ela sabia que o anel seria muito bem recebido por seu jovem amante”. – Pele de Asno (Charles Perrault)

“Enquanto esperava, resolveu visitar o castelo. Não pôde deixar de admirar sua beleza. Qual não foi sua surpresa, porém, quando encontrou uma porta sobre a qual estava escrito: Aposentos de Bela! Abriu-a num impulso e ficou fascinada com a magnificência que ali reinava. O que mais chamou sua atenção, porém, foi um grande armário de livros, um cravo e vários livros de música.” – A Bela e a Fera (Jeanne-Marie Leprince de Beaumont)

“Não há nada de errado em nascer num terreiro de patos, contanto que você tenha sido chocado de um ovo de cisne. Agora ele se sentia realmente satisfeito por ter passado por tanto sofrimento e adversidade. Isso o ajudava a valorizar toda a felicidade e beleza que o envolviam... Os três grandes cisnes nadaram em torno do recém-chegado e lhe deram batidinhas no pescoço com seus bicos.” – O Patinho Feio (Hans Christian Andersen)

“Quando escureceu, acenderam-se lanternas coloridas e os marinheiros dançaram alegremente no convés. A Pequena Sereia não pôde deixar de pensar naquela primeira vez em que tinha emergido e contemplado uma cena de festejos jubilosos igual a esta. E agora ela entrou na dança, volteando e precipitando-se com a leveza de uma andorinha acuada. Brados de admiração a saudaram de todos os cantos. Nunca antes ela dançara com tanta elegância. Era como se facas afiadas estivessem cortando seus pés delicados, mas ela não sentia nada, pois a ferida em seu coração era muito mais dolorida...” – A Pequena Sereia (Hans Christian Andersen)