sexta-feira, 4 de maio de 2012

João Miramar

Andrade, Oswald de. Memórias sentimentais de João Miramar. Globo; São Paulo / SP; 1991; 107 páginas.

Breve relato do autor:

Oswald de Andrade foi um escritor, ensaísta e dramaturgo brasileiro. Foi ainda um dos promotores da Semana de Arte Moderna, que ocorreu em 1922, em São Paulo, e considerado pela crítica como o elemento mais rebelde do grupo.


Dados da obra:

Memórias sentimentais de João Miramar é um romance publicado em 1924 e que inclui uma mescla de gêneros. O livro é composto por 163 fragmentos, escrito em diversos estilos. O romance acompanha a vida de João Miramar, uma espécie de caricatura do homem paulistano das classes mais abastadas, à época da juventude de Oswald de Andrade.

Passagens:

Gare do infinito
Papai estava doente na cama e vinha um carro e um homem e o carro ficava esperando no jardim.
Levaram-me para uma casa velha que fazia doces e nos mudamos para a sala do quintal onde tinha uma figueira na janela.
No desabar do jantar noturno a voz toda preta de mamãe ia me buscar para a reza do
Anjo que carregou meu pai.

Sal o may
Os cabarés de São Paulo são longínquos
Como virtudes

Automóveis
E o pisca-pisca inteligente das estradas
Um soldado só para policiar minha pátria inteira

E o gru-gru dos grilos grelam gaitas
E os sapos sapeiam sapas sopas
No alfabeto escuro dos brejos
Vogais

Mobilização
Higienópolis encheu-se às cornetadas da falência e desonra. Meu folhetim foi distribuído grátis a amigos e criados. E a tia Gabriela sogra granadeira grasnou graves grosas de infâmias.
Entrava doméstico para comer e dormir longe de Célia. Os criados eram garçons de restaurante.