segunda-feira, 20 de maio de 2013

Persépolis

Satrapi, Marjane. Persépolis. Companhia das Letras. São Paulo /SP; 2007; 352 páginas.

Breve relato do autor:

Marjane Satrapi é uma romancista gráfica, ilustradora e escritora infanto-juvenil. Ficou conhecida como a primeira iraniana a escrever banda desenhada. A versão em desenho animado de sua série de quadrinhos Persépolis foi indicada para o Oscar.

Dados da obra:

Persépolis é a autobiografia em quadrinhos de Marjane Satrapi, iraniana que tinha apenas dez anos quando se viu obrigada a usar o véu islâmico, numa sala de aula só de meninas. Um panorama da Revolução Islâmica e das transformações passadas no país. Na HQ o pop encontra o épico, o oriente toca o ocidente, o humor se infiltra no drama - e o Irã fica mais próximo.
Passagens:

Eu nunca li tanto quanto naquela época. Meu autor preferido era Ali Achraf Darvichiyan, uma espécie de Dickens do Irã. Eu e a minha mãe fomos à sessão de autógrafos clandestina.
...
Ele contava histórias tristes mas reais: a do Rezah, que tinha 10 anos quando virou carregador, a da Leila, que com 5 tecia tapetes, Hassan, que com 3 limpava vidros de carro...

... A Pardis fez a redação mais linda. Era uma carta para o pai dela, em que ela prometia que ia cuidar da mãe e do irmãozinho.
– Descanse em paz, papai.
No recreio, tentei consolá-la...
– Seu pai agiu como um herói, você tem que se orgulhar dele!
– Eu preferia meu pai vivo na prisão do que herói no cemitério.
Foi o que ela me disse, palavra por palavra.
 
Na vida você vai encontrar muita gente idiota. Se te ferirem, pensa que é a imbecilidade deles que os leva a fazer o mal. Assim você vai evitar responder às maldades deles. Porque não tem nada pior no mundo do que a amargura e a vingança... seja sempre digna e fiel a você mesma.

Vamos, está na hora. Nunca esqueça quem você é nem de onde vem.

Minhas economias logo se acabaram. Eu não tinha mais nem um tostão. É incrível como a gente pode perder a dignidade tão rápido. Me peguei fumando bitucas, procurando comida nas lixeiras, eu, que antes nem sequer provava do prato dos outros.

Eu vivi um revolução que me fez perder uma parte da família.
...
Sobrevivi a uma guerra que me afastou do meu país e dos meus pais...
...
E foi uma banal história de amor que quase me levou embora.

Naquele dia aprendi uma coisa fundamental: só podemos ter dó de nós mesmos quando ainda é possível suportar a infelicidade...
Quando ultrapassarmos esse limite, o único jeito de suportar o insuportável é rir dele.

Normal! Quando temos medo, perdemos o senso de análise e de reflexão. O terror nos paralisa. Aliás, o medo sempre foi o motor da repressão em todas as ditaduras.
Mostrar os cabelos ou se maquiar viraram, obviamente, atos de rebeldia.

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