quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Caos, o cachorro

Viana, Tathyana. Caos, o cachorro. Alfaguara (Objetiva); Rio de Janeiro / RJ; 2014; 48 páginas.

Breve relato do autor:

Tathyana Viana é formada em Produção Editorial e mantém um blog – www.tathyviana.com.br, onde coloca suas “ideias sobre a vida e a escrita”, com direito a “livros, cachorros, bolos e sonhos”.

Dados da obra:

O livro conta a história de um vira-lata que, logo nas primeiras páginas, é deixado na rua em uma noite chuvosa e fria ainda filhote. Cada capítulo é construído com um nome para o cão e seus possíveis donos, com direito ainda a uma estadia pelas ruas, onde conhece um companheiro, outro cão, abandonado como ele, mas mais velho e, portanto, mais “escolado”. Juntos, começam uma bela amizade entre altos e baixos.

Passagens:

Apesar de ter que usar aqueles sapatos ridículos eu adorava passear: ruas, cheiros novos, trânsito, pessoas, outros cães, espaço, oxigênio! Eu farejava a liberdade e adorava aquele aroma.

Corri como nunca pude correr antes. Pelo caminho fui deixando para trás coleira, sapatos e tudo o que tinha vivido até ali. Nada mais me prendia: adeus caixa, gaiolas, banheiros. Chega de ser puxado pela coleira, contido, preso. Estava livre. Alguma coisa canina dentro de mim me mostrou como é que se corria e eu corri.

Aqui o tempo vira uma coisa maluca: entre correr e descansar, ter fome e sede, e sentir a liberdade, passaram-se muitos dias e muito chão. De repente aconteceu: encontrei um igual. Um vira-lata marrom, tão perdido e sozinho quanto eu. Criamos uma amizade que só um cão fiel pode entender. Desde a primeira vez que cheiramos o rabo um do outro soubemos que seríamos amigos para sempre.

Passamos fome, pegamos chuva, vivemos na correria. Fomos enxotados e compartilhamos comida, pulgas e carrapatos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O gato e o escuro

Couto, Mia. O Gato e o Escuro. Companhia das Letrinhas; São Paulo / SP; 2008; 39 páginas.

Breve relato do autor:

Mia Couto nasceu em Moçambique. Estudou medicina antes de se formar em biologia. Atualmente dedica-se a estudos de impacto ambiental. Em 1999, recebeu o prêmio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra; em 2007, o prêmio União Latina de Literatura Românicas.

Dados da obra:

Pintalgato vive sendo alertado pela mãe para que não ultrapasse a fronteira do dia. Mas ele, louco para descobrir o que se esconde sob a sombra da noite, decide se aventurar e acaba tendo um encontro inusitado com o escuro. Mia Couto elabora uma bela fábula sobre as aflições e o encantamento com o desconhecido.

Passagens:

– Os meninos têm medo de mim. Todos têm medo do escuro.
– Os meninos não sabem que o escuro só existe é dentro de nós.
– Não entendo, Dona Gata.
– Dentro de cada um há o seu escuro. E nesse escuro só mora quem lá inventamos. Agora me entende?
– Não estou claro, Dona Gata.
– Não é você que mete medo. Somos nós que enchemos o escuro com nossos medos.